Saturday, December 17, 2005

Campeonato Nacional de Presidentes da República

Jogo 6: Manuel Alegre - 1 Mário Soares - 0

Quarta-feira europeia no estúdio da TVI. Frente a frente, Mário Soares e Manuel Alegre para o grande derby destas presidenciais. Depois de anos e anos a jogarem juntos pelas mesmas cores, Soares e Alegre iam enfrentar-se pela 1ª vez como rivais.
Constança e Miguel Sousa Tavares iam ser os moderadores deste importantíssimo encontro e a TVI não olhou a meios nas despesas, a ver pela maquiagem que ambos tinham. Pareciam o Michael Jackson e a Maga Patalógica.
O debate começou com ambos a afirmarem que sentiam grande respeito um pelo outro, mas que tinham maneiras diferentes de pensar. Soares fez questão de dizer, que a grande diferença entre eles era Cavaco Silva, mas Alegre replicou, dizendo que não, que a grande diferença entre eles era outra e como para bom entendedor meia palavra basta, só vos digo que começa por Só e acaba em tes.
O debate entrou depois num período de parada e resposta com Soares sempre a insistir que Alegre não conseguiu ter o apoio do PS e este sempre a reafirmar que não tinha o do PS mas tinha o do Pac Man e o do Jesualdo Ferreira. Notava-se que ambos estavam nervosos e que não conseguiam explanar o seu jogo como tantas vezes nos habituaram.
O primeiro momento de tensão apareceu já quase no fim do 1º período quando sobre a questão das privatizações “Roca” não teve com meias medidas e afirmou: - Se Sócrates privatizar as águas, eu até sou capaz de dissolver a Assembleia. Soares foi apanhado assim um bocado de surpresa. A água? Toda a gente sabe que Alegre foi sempre contra a privatização do vinho e do wisky, agora a água? Ele até raramente toma banho!!?
O velho Socialista lembrou-lhe então que não se pode usar assim a bomba atómica por dá cá aquela palha, que ele não tinha bem a noção de quais são os poderes do Presidente, mas Alegre leu para lá um artigo qualquer e acabou ali com a conversa.
O intervalo chegou assim com um desolador 0-0.
Durante o intervalo, enquanto Soares falava com uns especialistas Americanos e via um bocado da sua novela preferida que passa à mesma hora na SIC, Alegre aproveitou para reunir com alguns dos seus acessores e mamar duas garrafolas de maduro.
O segundo tempo começou como o primeiro, com Soares a acusar Alegre por tudo e por nada e este a desviar sempre para canto. Entrou-se depois num período muito confuso em que nenhum dos candidatos apresentava fio de jogo e os ataques morriam sempre sem perigo na defesa do adversário. Soares fazendo uso da sua experiência bem tentava encostar Alegre à parede, mas este tal como já o tinha feito frente a Louçã sempre que o perigo rondava a sua defesa lia um artigo da Constituição e começava a falar dos apoiantes da sua campanha.
Miguel Sousa Tavares bem queria ser o protagonista do encontro inventando perguntas polémicas atrás de disparates pegados, mas os dois velhotes preferiram deixar o tempo rolar e acautelarem-se na defesa em detrimento do ataque.
O debate só seria decidido nos pontapés de grande penalidade e aqui “o Poeta”, decidiu centrar o seu depoimento nas pobrezinhas das mulheres. Alegre falou ao coração das viúvas e das desempregadas e apesar de nenhuma o ter ouvido pois estavam todas a ver a novela do outro canal, acabou por ganhar o debate, pois Soares fez lembrar o Liedson no jogo contra o Estrela da Amadora e no momento da decisão final, puxou da cábula e falhou completamente. Ninguém percebeu nada do que ele queria dizer!
Em resumo, no pior jogo deste campeonato, Alegre acabou por ser feliz e não só se distanciou do seu principal opositor como entra para a última jornada em igualdade pontual com o favoritíssimo Cavaco Silva.