Velório

Um silêncio fúnebre apoderou-se da sala. Ao centro um corpo gélido e mórbido atraía sobre ele todos os olhares. Dispostas ordenadamente em redor do Cicerone as cadeiras iam sendo uma a uma ocupadas por pessoas que cabisbaixas abanavam a cabeça em sinal de reprovação, não se confirmando com a partida que o destino lhes pregou. Alguns mais sentimentais não conseguiram mesmo suster as lágrimas e ouviam-se sussurrar palavras menos correctas que a nossa gramática censurou. Ao fim todos abandonaram a sala cabisbaixos lamuriando-se que a partir desse dia a vida nunca mais seria a mesma.
Isto podia muito bem ter ocorrido no velório do Tio Manel da Fonte, mas infelizmente passou-se na Assembleia da Republica durante a apresentação do Orçamento de Estado para 2007.